E-commerce: Brasil pode ser novo polo mundial em soluções
Varejo físico cresceu apenas 2% em 2017, em contrapartida, as vendas pelo e-commerce aumentaram 12%
Enquanto o varejo físico cresceu 2% em 2017 no Brasil, as vendas pelo e-commerce apresentaram incremento de 12% no ano passado, ambos na comparação com o ano anterior.
“Como a Índia se especializou em serviços de call center, o Brasil tem potencial para se tornar um polo de serviços de e-commerce”, afirmou nesta segunda-feira (14) Geraldo Thomaz, co-CEO da Vtex, uma plataforma de e-commerce que reúne cerca de 2.500 grandes lojas virtuais, como Sony, Walmart, Coca-Cola, Lego e Avon, em 25 países. A entrevista foi concedida para o site O Tempo.
O crescimento das vendas online, principalmente de médias e pequenas empresas, ignorou a crise econômica. Em 2017, ano que fechou com taxa de desemprego de 12,7%, a startup X Tech, por exemplo, cresceu 360% e foi incorporada pela Vtex por R$ 14 milhões no mesmo ano.
“Surgimos em 2015, no auge da crise, com o dólar explodindo, e desenvolvemos um produto para pequenas e médias empresas que tinham poucas opções de plataformas de e-commerce”, conta um dos sócios-fundadores da X Tech, Jordão Beviláqua.
Hoje, a X Tech tem 5.000 clientes ativos e parceria com 2.000 agências de publicidade, que utilizam a plataforma da X Tech na hora de criar a loja virtual de seus clientes. “A agência elabora a estratégia de divulgação. O design e a parte técnica, nós oferecemos”, explica Beviláqua, que tem soluções a partir de R$ 99 mensais para lojistas.
O que diz o Carrefour
As grandes empresas também estão surfando na onda das vendas online. Em 2016, o e-commerce do Carrefour representava apenas 1% das vendas totais no Brasil e fechou 2017 com 3,5%. O primeiro trimestre de 2018 foi 103% melhor do que o mesmo período do ano passado.
“Neste ano, o Carrefour está investindo em três negócios na internet: o e-commerce tradicional, de produtos não alimentares, o marketplace, que já representa hoje 11% das vendas online, mesmo tendo começado a operação em setembro de 2017, e, agora, em fevereiro deste ano, entramos com a venda de produtos alimentares na Grande São Paulo”, afirma o diretor de e-commerce do Carrefour Brasil, Luiz Escobar.
Até os entraves do comércio eletrônico no Brasil, como a logística, estão gerando oportunidade. “Com os problemas que os Correios apresentaram, surgiu uma indústria da logística. São várias startups que oferecem soluções melhores que o serviço da estatal”, conta Thomaz. Uma delas é a Mandaê, solução que oferece uma plataforma de entrega que pode gerar frete 20% mais barato. A marca teve um crescimento médio mensal de 17% e tem apresentado o mesmo resultado nos quatro primeiros meses deste ano.
Público
Evento. Voltado para tecnologias para o e-commerce, o Vtex Day reuniu na segunda-feira 15 mil pessoas e mais de 150 palestrantes na cidade de São Paulo, e segue sua programação até esta terça-feira (15).
Sinergia entre físico e online será maior
Fazer uma pesquisa no Google pelo celular, comprar com um clique e ir buscar na loja próxima. Essa será, em breve, a experiência mais comum para os consumidores, na visão de empresas como a Vtex. “As lojas físicas não vão deixar de existir, elas vão se integrar ao comércio eletrônico”, aposta o co-CEO da Vtex Mariano Gomide.
Outra tendência mundial é o aumento das vendas pelo smartphone. “No mundo, 76% do acesso à internet é feito pelo celular. A tendência é a venda via mobile crescer globalmente. Se eu fosse iniciar um e-commerce hoje, esqueceria o desktop e iria direto para o celular”, afirma Brian Macbride, chairman da asos.com, varejista de moda on-line, e ex-executivo-chefe da Amazon no Reino Unido.
Aposta na diversidade
Entre os segredos do sucesso da internet está a capacidade de escalonar as vendas, inclusive atuando globalmente. Esse foi um dos fatores de sucesso da Netflix, segundo Marc Randolph para o site O Tempo. Para ele, o grande sucesso da Netflix foi ter um pensamento disruptivo. “Não queríamos ser uma empresa de TV a cabo, apostamos no streaming desde o começo”, contou.
Ele afirma que não é necessário ser uma grande empresa para ter sucesso. “Uma empresa líder nem sempre é a maior. Particularmente, gosto muito das empresas pequenas. São elas que apresentam as ideias mais inovadoras”, afirmou Randolph. Para o empresário norte-americano, as empresas de tecnologia não devem se preocupar em pular etapas. “As mudanças são rápidas no mundo hoje, e as empresas devem acompanhar esse movimento”, aconselhou.
Fonte: O Tempo