Minha Empresa é Familiar. E Agora?
Gerir esse tipo de negócio significa ter que lidar com as questões emocionais relacionadas à família e, ao mesmo tempo, com a racionalidade
Você não está sozinho! Segundo o IBGE, 90% dos empreendedores possuem uma empresa familiar. Há quem diga que poderiam ser ainda mais, não fosse a complexidade enfrentada por essas organizações entre as gerações.
Segundo a pesquisa Retratos de Família, da consultoria KPMG, realizada em 2015 com empresários, entre os principais pontos fortes de uma organização familiar estão a tomada de decisões rápida e flexível, o foco no core business e a visão de longo prazo.
Contudo, gerir uma empresa familiar significa ter que lidar com as questões emocionais relacionadas à família e, ao mesmo tempo, com a racionalidade da gestão de um negócio. Assim, segundo Stephen Robbins, um dos primeiros desafios do empreendedor desse tipo de empresa é diferenciar os interesses da família e os da empresa, buscando minimizar os conflitos entre família e negócio.
Portanto, se você está iniciando um negócio com alguém da sua família, dedique um tempo na definição dos papéis de cada um e em como farão a separação financeira do que deverá ser investimento no negócio e do que servirá de sustento para a família.
Outros pontos que podem ocorrer na fase inicial são o aprendizado com base em tentativa e erro, a dedicação extrema ao trabalho (implicando um possível afastamento da família) e uma certa centralização das decisões no fundador da empresa. Portanto, fique atento a esses aspectos.
Você poderá evitar todos esses problemas buscando uma maior qualificação em termos de gestão e planejamento. Além disso, é importante equilibrar a dedicação ao trabalho e à família, pois empresários também necessitam de ter qualidade de vida.
Por fim, busque a opinião de seus sócios e colaboradores antes de tomar uma decisão importante na sua empresa. Pesquisas mostram que uma gestão mais participativa gera mais comprometimento dos empregados.
Outros desafios
À medida que sua empresa vai avançando, outros desafios podem surgir. Seu negócio pode já estar maduro, mercado conquistado, papéis definidos, mas, por exemplo, como fazer quando surgem as próximas gerações? Para quem e como “passar o bastão”? Como saber se o sucessor tem perfil, competência e motivação para assumir o negócio? Como lidar com aqueles que não assumirão a empresa? E o fundador? Conseguirá abrir mão da sua posição para transmiti-la a outra pessoa?
Perguntas como essas são bastante complexas e normalmente precisarão ser respondidas muito antes deste momento acontecer. Planejar uma sucessão requer muito cuidado, maturidade, comunicação e planejamento. A revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios de maio de 2016 elenca as três melhores e as três piores práticas dos fundadores na hora da sucessão:
Os acertos
Dar início ao processo de sucessão bem antes de o fundador se ausentar.
Preparar o herdeiro desde cedo. Uma boa referência é preparar o sucessor para o mercado. Assim, ele estará também preparado para assumir a empresa da família.
Alinhar a nova geração com os valores e a cultura da empresa.
Os erros
Não abrir espaço para a entrada de novos talentos pelo medo de perder poder. Para trabalhar este tema, pense em como deverá estar a sua empresa nos próximos 30 anos.
Não estabelecer as regras desde o início para garantir a fluidez dos processos. Elas serão valiosas para diversas oportunidades.
Distribuir o mesmo valor a todos os herdeiros, independentemente da sua função e dedicação ao negócio. Como regra geral, o pagamento deve ser dividido entre pró-labore (proporcional ao trabalho do sócio na empresa) e distribuição de dividendos (proporcional à participação na sociedade).
Existe, portanto, uma série de fatores a serem considerados na gestão de uma empresa familiar. No geral, você poderá seguir a orientações dos especialistas em empresas familiares, autores do livro De geração para geração: o ciclo de vida das empresas familiares:
Trate a empresa como empresa, a família como família e a propriedade com respeito.
Tenha sempre em mente a natureza constante e inevitável das mudanças ligadas ao desenvolvimento.
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Por: Sebrae
Autoria: Carla Regina Nedel Rech, Gerente da Unidade de Pessoas do Sebrae Nacional