Número de brasileiros desempregados há mais de dois anos atinge novo recorde Notícias
07
jun

Número de brasileiros desempregados há mais de dois anos atinge novo recorde

O desemprego de longa duração bateu recorde no País: são 3,487 milhões de brasileiros sem trabalho fixo formal ou informal há ao menos dois anos. Os dados são referentes ao primeiro trimestre de 2021 e foram coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), projeto que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou em 2012.

 

O último recorde havia sido registrado em 2019, no segundo semestre, quando o número de trabalhadores desempregados há dois anos ou mais no Brasil chegou a 3,347 milhões. De acordo com especialistas entrevistados pela Folha de S. Paulo, o mercado de trabalho ainda estava em processo de recuperação em março de 2020, quando se iniciou a pandemia de covid-19 e, consequentemente, agravou-se o cenário de crise.

 

Hoje, são 14,805 milhões de brasileiros sem emprego — quase um terço desse número corresponde a trabalhadores desempregados há pelo menos dois anos. Entre o primeiro trimestre de 2020 e 2021, houve uma alta de 13,14%: eram 3,075 milhões de profissionais afetados pelo desemprego de longa duração no País no ano início do ano passado, 412 mil a menos do que o registrado nos três primeiros meses deste ano.

 

Pandemia prolongou crise que se iniciou em 2015 no mercado de trabalho

 

Segundo José Ronaldo Castro Júnior, diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o quadro de crise começou, na verdade, em 2015 e chegou ao mercado de trabalho com maior força um ano depois. “Houve uma melhora leve [a partir de 2017], mas ainda tinha um contingente muito grande de pessoas sem ocupação. Para um conjunto considerável de pessoas, isso [o início da pandemia] foi um prolongamento da crise anterior”, explicou.

 

Rodolpho Tobler, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), reforçou a fala de Castro Júnior, afirmando que grande número de desempregados por um longo período é resultado das duas últimas crises vividas pelo Brasil. “A pandemia afetou diretamente o mercado, mas já vínhamos em um momento que não era bom. Desde 2016, o Brasil tem mais de 11 milhões de desempregados [no total]”. De acordo com o pesquisador, o desemprego de longa duração é a fase mais crítica da desocupação: quanto maior o tempo que o profissional fica distante do mercado de trabalho, maior o número de obstáculos para conseguir chamar a atenção em vagas e processos seletivos.

 

Desemprego de longa duração leva à subutilização de profissionais

 

Castro Júnior apontou que há um grande risco dessas barreiras fazerem com que o profissional desista de buscar uma nova vaga de emprego. Os dados do Pnad de janeiro a março deste ano mostram que 6 milhões de pessoas desistiram de procurar emprego. Há, ainda, aquelas que aceitam trabalhar em funções inferiores ao seu nível de formação — em um ano, 5,6 milhões de brasileiro passaram a integrar o grupo dos chamados subutilizados.

 

Outra via encontrada por essas pessoas é o trabalho informal e o trabalho por conta própria. “Há possibilidade de essas pessoas irem para uma situação de pobreza muito grave, dependendo do apoio de programas sociais, ou de migrarem para a informalidade”, comentou o economista Ely José de Mattos, professor da Escola de Negócios da PUCRS, à Folha de S. Paulo. “Agora, que tipo de trabalho será esse? Existe toda uma discussão sobre a qualidade dos negócios por conta própria.”

 

Os especialistas afirmaram que, apesar de já ser possível ver certa recuperação de alguns setores econômicos, o mercado só reagirá com a retomada da economia como um todo. Para isso, Tobler ressaltou que o Brasil precisa avançar na vacinação contra a covid-19. A imunização é essencial para, por exemplo, diminuir restrições em setores como o de serviços, maior gerador de empregos do País e um dos segmentos mais afetados pela pandemia.

 

Redação MarketUP | Fonte: Folha de S. Paulo

Autor:

MarketUP

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