Oferta de crédito para microempresa recuou em meio à pandemia Notícias
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Oferta de crédito para microempresas recuou em meio à pandemia

Apesar do governo federal ter anunciado que pequenos negócios receberiam atenção especial durante a pandemia de covid-19, dados divulgados pelo Banco Central (BC) mostram que o saldo de crédito para microempresas recuou cerca de R$6,6 bilhões entre o fim de 2019 e junho de 2021. Já os recursos disponibilizados para as grandes companhias cresceram mais de R$144 bilhões. As informações são do Estadão/Broadcast. 

As micro e pequenas empresas também relataram dificuldades de acesso ao crédito. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o empresário Wagner Elias da Silva, afirmou que foi necessário reduzir o seu quadro de funcionários, que passou de 400 postos para 230 com a pandemia. Com queda de 40% na receita no ano passado, os cortes foram a alternativa encontrada.

Silva conseguiu financiar a folha de pagamentos em uma das três instituições com que se relaciona, mas sua empresa não conseguiu acessar o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), uma das principais ações do governo para negócios menores. “Não consegui o Pronampe em nenhum dos bancos. O programa surgiu em um dia e no outro acabou”, afirmou o empresário.

Fatia de crédito para microempresas é de menos de 3%

A microempresas são maioria no País, além de responsável pela maior parte dos empregos no Brasil. Apesar disso, elas têm uma fatia de menos de 3% do crédito produtivo disponível, enquanto os grandes negócios abarcam quase 60%. 

Na última sexta-feira, dia 13 de agosto, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou que “não é verdade que as pequenas companhias tiveram restrição de crédito, é o contrário”. Ele argumentou que as micro e pequenas empresas tiveram mais acesso ao crédito do que as médias, e essas, mais do que as grandes companhias.

O saldo total de crédito das microempresas de fato subiu: era de R$60 bilhões ao final de 2019, chegando a R$63 bilhões em 2020. A fatia destinada aos negócios desse porte, contudo, caiu de 4,12% para 3,54%. Isso ocorreu porque o crédito para empresas de porte maior cresceu mais. Já no fim do primeiro semestre de 2021, o saldo para microempresas, de R$53,5 bilhões, era menor que em 2019, com uma fatia de apenas 2,96%.

Pequenos negócios são as que mais geram novos empregos

Para a economista Isabela Tavares, especialista em crédito da consultoria Tendências entrevistada pelo Estadão/Broadcast, a situação prejudica os negócios que geram mais empregos. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), dos 2,9 milhões de vagas com carteira assinada geradas em 12 meses até junho deste ano, 2 milhões (72%) foram por micro e pequenas empresas.

A avaliação de entidades ligadas a micro e pequenos empresários é de que o reforço no crédito por parte do governo foi insuficiente. “Quase dobrou o volume de crédito, mas a procura mais que triplicou”, afirmou o presidente da Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e dos Empreendedores Individuais, Ercílio Santinoni.

Em nota, o BC informou que, em 2020, o saldo das operações de crédito para as empresas menores cresceu “aproximadamente o dobro do saldo das grandes empresas, e sua fatia no total do crédito aumentou”. “As microempresas, apesar de mais numerosas, representam, em conjunto, um porcentual menor da economia. A afirmação de que houve agravamento na assimetria de crédito não pode ser deduzida simplesmente tomando as participações relativas no mercado de crédito.”

Redação MarketUP | Fonte: Contábeis

Autor:

MarketUP

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