Projeção financeira: por que prever lucros e despesas é importante?
É comum que no cotidiano empresarial muitos empreendedores destinem a maior parte da atenção para questões de curtíssimo prazo. Seja por causa das contas a pagar no fim do mês ou tratativas imediatas com fornecedores, às vezes alguns pontos escapam. Entre eles, a projeção financeira, item muito importante no planejamento das empresas e peça-chave para a prosperidade no mercado.
Como consequência dessa desatenção — em alguns casos, negligência —, o saldo da companhia chega ao vermelho e o empreendedor não sabe o que fazer. A partir desse ponto, compromissos financeiros já não são mais cumpridos e o efeito disso pode ser catastrófico.
Por isso, se planejar bem para percalços que, por ventura, podem aparecer, é essencial para a vitalidade do negócio. E isso, claro, independentemente do empreendimento, seja uma microempresa ou companhia de porte médio.
Mas antes de saber como aplicar uma projeção financeira na empresa, é preciso que o dono do próprio negócio entenda o que é isso.
O QUE É PROJEÇÃO FINANCEIRA?
Por definição, uma projeção financeira é uma técnica frequentemente utilizada no ambiente empresarial para mensurar receitas e despesas. Ela, que pode ser realizada em diferentes períodos (isso será explicado mais abaixo), é aplicada para prever o volume de vendas, arrecadação financeira, custos operacionais, etc. Além disso, tem um caráter multidisciplinar — é necessário que o empreendedor preste atenção nas mais variadas influências no mercado.
A importância da projeção financeira mostra-se necessária quando o dono do próprio negócio deseja mensurar valores e se precaver de imprevistos. E as motivações para isso podem ser diversas. Seja para comprar novo maquinário, por exemplo, ou estudar ajustes financeiros, uma projeção se torna crucial para a companhia.
QUAIS TIPOS DE PROJEÇÃO EXISTEM?
Para mensurar receitas e despesas do negócio, os empresários costumam utilizar três diferentes parâmetros: curto, médio, e longo prazo. Como pode-se perceber, o método aqui baseia-se pelo tempo, e depende, claro, do que o empreendedor almeja compreender.
Curto prazo
Nesta situação, a projeção financeira é aplicada para estimar números sobre bases mensais. Ou seja, é utilizada para compreender custos e receitas mais próximas do tempo presente. Entre seus principais objetivos, pode-se citar: projeção para gestão de capital de giro, controle de estoque e gerenciamento de fluxo de caixa. Portanto, se o empreendedor deseja controlar ativos e despesas do mês, ele também pode fazer uma projeção financeira, neste caso, de curto prazo.
Médio prazo
Aqui, a projeção financeira é aplicada para vislumbrar um período maior: três anos. Por ser um período de análise mais longo, a chance de equívocos ou distorções no resultado aumenta, claro. Por isso, é fundamental que haja uma checagem periódica — recomenda-se seis meses — para analisar eventuais mudanças na empresa e o impacto disso na análise final da projeção financeira. Como principais funções do estudo a médio prazo, estão: validação do modelo de negócio, checagem do crescimento da empresa e custos na criação de planos de cargos.
Longo prazo
Esta projeção financeira serve como estudo para o gestor entender os cenários que a empresa enfrentará futuramente. É com base nessa premissa que será possível administrar a companhia para construir estratégias e lidar com as mais distintas realidades. É preciso dizer que, evidentemente, a margem de erro na projeção financeira a longo prazo tende a aumentar. Por isso, assim como na análise a médio prazo, é importante que sejam realizadas checagens periódicas. Nesta categoria, recomenda-se que elas sejam feitas anualmente.
Entre os principais tópicos de análise a longo prazo, estão a revisão da estratégia empresarial e o crescimento do negócio.
BENEFÍCIOS DA PROJEÇÃO FINANCEIRA
Lucros e despesas são itens básicos e, ao mesmo tempo, cruciais para quem gerencia o próprio empreendimento. E ter saldo positivo na balança, então, só será possível se a variação de lucros e despesas for bem compreendida. “O que fazer para melhorar o fluxo de caixa?” “Como sustentar um bom capital de giro?” Questões como estas podem ser melhor respondidas quando há uma projeção financeira. Afinal, um de seus benefícios é justamente dar subsídios a quem gerencia, contextualizar a situação e, também, apontar possibilidades de reação.
Portanto, a regra é simples: sem planejamento, fica quase impossível prosperar no mercado — cada vez mais competitivo. E projeção financeira é isso, também sinônimo de planejamento.
COMO ELABORAR UMA PROJEÇÃO FINANCEIRA
Muitos empreendedores ainda sentem dificuldade para aplicar uma projeção financeira, mesmo que compreendam os conceitos que a envolvem. Portanto, é importante que reflitam sobre algumas tarefas a serem feitas para montar um planejamento ainda mais assertivo.
Esboço realista
Como abordado anteriormente, a projeção financeira em um negócio precisa da maior exatidão possível em sua elaboração. Afinal, números inflados não levarão à análise correta da situação empresarial. Ou seja, é vital que o gestor não seja muito otimista na hora de estruturar a projeção. E, para começar a mensurar as situações, o empreendedor pode utilizar como parâmetro o fluxo de caixa, além de acompanhar suas variações.
Identificação de padrões
Nenhum dono do próprio negócio deve se basear em achismos ao fazer uma projeção financeira. Uma dica válida para utilizar durante a montagem de uma, portanto, é identificar resultados anteriores. Além deles fornecerem uma base relativamente sólida para analisar o crescimento do empreendimento e os riscos no mercado, podem ajudar a identificar padrões — ou seja, podem servir para compreender melhor as sazonalidades. E isso possibilita que campanhas específicas sejam preparadas de acordo com os números levantados na análise.
Ciclo financeiro
Também conhecida como “ciclo econômico”, esse tipo de análise financeira serve para mensurar o tempo que é gasto em todo o processo empresarial. Ou seja, desde a compra de matéria-prima de um fornecedor, por exemplo, até o valor recebido pela venda do produto acabado ao consumidor final. Portanto, ao montar uma projeção financeira, o empreendedor deve ficar atento ao tempo que esse processo demora para ser finalizado. É importante: quanto menor for o ciclo, maior tende a ser o retorno sobre o valor investido.
Ponto de equilíbrio
Neste ponto auxiliar para montagem da projeção financeira, o equilíbrio entre receitas e despesas se torna importante. Também de acordo com o recorte de determinado período, o ponto de equilíbrio será importante para definir o valor de faturamento que o negócio precisa para conseguir cumprir seus compromissos financeiros. Ele baliza o número mínimo para pagar as contas e, a partir disso, visualiza o lucro. Vale salientar que o ponto de equilíbrio não deve ser meta de nenhum empresário — afinal, é a igualdade entre receita e despesa —, o objetivo será sempre o superavit.
INTEGRAÇÃO DE ITENS
É importante que o empreendedor compreenda também que, para uma boa projeção financeira, é necessário amplo estudo do negócio e integração de diferentes pontos. Como já foi abordado anteriormente, esse tipo de análise é sinônimo de planejamento — e não pode ser estruturada em suposições ou desconhecimento do próprio negócio e da realidade do mercado.
Por: Rudiney Freitas