Além de economizar no espaço necessário para os caixas e no pagamento de funcionários, as compras no estilo Go também minimizam o contato com as superfícies, o que poderia ser uma vantagem em um mundo pós-Covid.
De acordo com Max Hammond, diretor sênior e analista da consultoria Gartner, as cadeias de supermercados do Reino Unido monitorarão como os clientes respondem à tecnologia da Amazon e avaliarão como elas próprias responderão à tendência.
“A experiência do cliente compensa a despesa desses varejistas? Hoje, acho que é um negócio complicado a se provar, embora estejamos vendo muitas evidências (positivas) do conceito”, avalia Hammond.
A tecnologia de trabalhar em casa
Em menor ou maior medida, parece que trabalhar de casa veio para ficar.
Segundo uma pesquisa encomendada pela consultoria CCS Insights, 60% dos líderes empresariais na Europa Ocidental e na América do Norte esperam que pelo menos 25% de sua força de trabalho, e em alguns casos a totalidade de seus funcionários, trabalhem pelo menos parcialmente em casa — mesmo quando a pandemia passar.
Algumas grandes empresas já se comprometeram com o trabalho de casa. Em outubro, o Dropbox afirmou que todos os seus funcionários poderiam trabalhar de casa, o que é adotado pelo Twitter também. A Microsoft e o Facebook declararam ainda que um número significativo de seus funcionários pode trabalhar permanentemente em casa.
Esse é um novo mercado apetitoso para as empresas de tecnologia.
É esperado, por exemplo, o surgimento de mais e melhores ofertas de provedores de internet e de outras ferramentas tecnológicas necessárias para o trabalho de casa.
“A segurança definitivamente está incluída em nossas previsões quando se trata de trabalhar em casa, e ela poderia ser parte de um pacote. Não apenas um serviço extra, mas talvez como um roteador à parte, um roteador com ferramentas de segurança embutidas, até mesmo assistência técnica —porque uma empresa menor não consegue ter um funcionário de suporte remoto”, diz Marina Koytcheva, vice-presidente do setor de previsões da CCS Insights.
Vale ficar de olho também em serviços que facilitam a colaboração entre colegas trabalhando de casa. Neste sentido, cresceu a demanda pelos chamados quadros-brancos digitais, como o Miro e Mural, que oferecem uma representação visual de projetos e rascunhos desenvolvidos por uma equipe.
Impérios das Big Techs estremecidos
Nas últimas semanas de 2020, o tempo parece ter fechado no Vale do Silício, região da Califórnia que abriga grandes nomes da tecnologia como Google, Facebook e Apple.
No início de dezembro, reguladores federais dos EUA e mais de 45 promotores estaduais abriram um processo contra o Facebook, acusando a empresa de adotar medidas ilegais para comprar rivais e sufocar a concorrência.
Também em dezembro, a Comissão Europeia apresentou as propostas da Lei de Serviços Digitais e da Lei de Mercados Digitais — projetos de lei que reformulariam completamente a regulação das grandes empresas de tecnologia, conhecidas também como big techs.
No Reino Unido, a Autoridade de Concorrência e Mercados propôs um código de conduta, com valor jurídico, e recomendou que uma nova unidade de mercados digitais recebesse o poder de impor penas significativas.
O setor de tecnologia também está atento à postura do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, sobre o assunto.
O democrata já se mostrou extremamente crítico às grandes empresas de tecnologia, em particular o Facebook.
Em uma entrevista ao jornal New York Times, ele defendeu a revogação de uma peça-chave da legislação que protege as empresas de redes sociais. A seção 230 diz que as companhias não são as principais responsáveis pelo conteúdo ilegal ou ofensivo postado por seus usuários.
As big techs, em particular Amazon, Google e Facebook, são questionadas também em relação à concorrência — ou a falta dela. O Google já está sob pressão neste ponto: em outubro, o governo americano entrou com uma ação acusando-o de violar a lei da concorrência para preservar seu monopólio sobre pesquisas na Internet e publicidade online.
As empresas costumam se defender deste tipo de acusação afirmando que operam em setores competitivos e fornecem serviços que só podem ser fornecidos por empresas muito grandes como elas.
Nos EUA, há também uma crescente mobilização para a regulamentação de uma política nacional sobre a privacidade de dados — como uma legislação já em voga na Califórnia.
FONTE: Portal G1