Vendas no comércio caem pelo segundo mês seguido
As vendas no comércio varejista registraram a segunda queda consecutiva na passagem de agosto para setembro, caindo 1,3% no período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e foram divulgados ontem, dia 11 de novembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com Cristiano dos Santos, gerente da pesquisa, os dados do comércio têm variado muito desde o início da pandemia de covid-19 em março de 2020, com volatilidade típica de um “novo rearranjo da estrutura econômica como um todo”. “Desde o início da pandemia, temos uma sequência de grande amplitude. Houve uma grande baixa em abril de 2020, depois um cenário de recuperação bastante rápida que culmina em outubro, uma queda novamente para patamares de pandemia no início do ano de 2021. Em seguida, tivemos um crescimento também forte, que posicionou o mês de maio como o segundo nível recorde, após outubro e novembro do ano passado. Agora, a trajetória experimenta uma nova queda.”
Santos afirma que o impacto do novo coronavírus na receita das empresas está diminuindo. A pesquisa aponta, por exemplo, que apenas 2,3% dos empreendedores utilizam a pandemia como justificativa para a diminuição ou crescimento. “A receita varia próxima da estabilidade em -0,2%. A gente atinge patamares que são até menores do que o mínimo dessa série, ou seja, quase não há mais relatos de impactos da pandemia na receita das empresas — impacto esse que já chegou a ser 63,1% de todos os relatos em abril de 2020.”
Alta na inflação é principal motivo para queda de vendas no varejo
Os resultados do comércio em setembro foram influenciados principalmente pela alta da inflação, além de mudanças nos juros que afetaram o crédito. Segundo Santo, isso se reflete no fato de que a queda foi maior no volume de vendas do que na receita das empresas. “O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As mercadorias subiram de preço. Em combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a receita foi de -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume.”
A pesquisa do IBGE mostrou que seis das oito atividades avaliadas tiveram taxas negativas em setembro. As maiores quedas foram em equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,6%), móveis e eletrodomésticos (-3,5%) e combustíveis e lubrificantes (-2,6%). A atividade de maior peso na formação da taxa de setembro, contudo, foi a de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que teve uma queda de 1,5%.
Na comparação com o ano anterior, o comércio varejista caiu 5,5%, reflexo da queda em sete das oito atividades. Apenas artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos tiveram crescimento, registrando alta de 4,3%.
Redação MarketUP | Fonte: Agência Brasil